Bateram-me a porta
Mas á primeira não a abri.
Disse a mim mesmo : “ Não importa”
Ouvi a bater, mas que não, fingi.
Não sabia o que me importunava
Quem me impedia de zombar
A minha cabeça; Já desesperava
De tanto a mim próprio massacrar.
Mais tarde, com o certo delay
Ouvi bater de novo.
Desta vez lá me levantei
E fui ver qual era o alvoroço.
O barulho interrompeu
Mais um golpe que seria;
O eco aqueceu
O meu corpo frio, que ali jazia.
Abri, um pouco maldisposto.
Com timidez proferiu, “posso?”
Sabia lá eu que no futuro, com gosto
Iria criar a meias, algo que era nosso
E não apenas meu,
Como até lá existiu.
A partir desse momento, passou a ser eu
Mais ela, que de mim nunca mais saiu.
Á minha frente, a sua presença
Entupiu-me a alma de sentimento.
Deixou de existir aquela imensa
Solidão que sentia lá dentro.
Este sentimento cresce tanto
Que até deixa de caber.
Para que caiba tenho crescido entretanto
Porque nada disso quero perder…
Abro agora as portas e janelas
E até destruo as construções laterais.
Deixo ao destino as sequelas
Deste conto,para que sejam naturais…
PBB 10/10