domingo, 23 de maio de 2010

"todos passamos alheios"

todo o ano passamos alheios
pelo dia da nossa morte:
não tenhas então receios
de que a parca antes te corte
o fio cujos enleios
deram rumo ao teu desnorte:
o fim justifica os meios
e estes atrasam a morte,
não é coisa que me importe:
os anos passados, dei-os,
e o mais que pude gastei-os,
seja esta a ideia forte.
por muito que nos entorte,
todos passamos alheios
pelo dia da nossa morte.

Vasco Graça Moura - 1996
in "Magusto Poético"

Nenhum comentário:

Postar um comentário