O caminho tendia a fugir-me dos pés,
Deixando apenas o abismo comigo,
Passei a tropeçar em vez de andar, foi rés
- Vés que me safei e encontrei abrigo.
Encontrei-me lá com quem queria,
Com a minha mais profunda intenção conhecer,
Prevejo os anos que passarão até que um dia
De mim vou finalmente saber...
Entretanto, vou preenchendo
De terra o buraco infinito,
Em cada carregamento vou-me vendo
Como nunca ninguém me havia descrito!
A terra sendo a palavra,
O buraco sendo a folha,
Neste terreno faço a minha lavra
Enquanto quem quero que veja, lá do fundo , olha...
Quando der o primeiro passo
a seguir do ultimo que dei
Hei-de ter mais orgulho do que faço
E uma pequena noção daquilo que serei...
Hei-de ser lavrador duma personalidade
E quero apanhar toda a manha,
Para que haja muita mais facilidade
Na proxima época da apanha...
Lavrador dos meus sentimentos,
Até hoje ja colhi cinquenta,
Mas ainda assim há muitos mais rebentos
Que ultrapassam a sua metamorfose lenta...
Até lá é esperar...
PBB 06/10
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